Cecília acordou e sentiu algo muito quadrado em cima dos ombros. Levantou para escovar os dentes e quando se olhou no espelho: “Aaaaaaaah! Minha cabeça está QUADRADA!” A personagem do livro “A menina da cabeça quadrada” é inspirada em uma garota de mesmo nome que, aos 7 anos, vivia grudada no tablet.
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Os Números Preocupantes
- 44% das crianças brasileiras de 0 a 12 anos têm celular.
- Média de 3 horas e 53 minutos diante da tela, segundo pesquisa.
- 30% dos bebês de 0 a 3 anos expressam desejo pelo celular.
O livro é de 2017, mas se fosse publicado hoje, a cabeça de Cecília dificilmente teria outro formato. Ademais, atualmente, 44% das crianças brasileiras de 0 a 12 anos têm o próprio telefone. Elas chegam a passar, em média, 3 horas e 53 minutos por dia na frente da tela, conforme mostrou a pesquisa Crianças e Smartphones no Brasil, realizada pela Mobile Time e pela Opinion Box.
Os Alertas dos Especialistas
“Na nossa casa, a gente faz vários combinados para usar menos telas. Eu divido o celular com meu irmão, ele joga, depois eu jogo. Quando o tempo acaba, a gente vai brincar, ler, escrever, desenhar”, diz Malu.
Mas será que o celular é um presente de Natal adequado para crianças? A Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de dispositivos eletrônicos antes dos dois anos de idade. Enfim, mesmo assim, bebês chegam ao consultório da psicóloga e professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Isabella Queiroz, por causa das telas.
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Os Riscos no Desenvolvimento Infantil
“Ao ser exposta às telas, a criança pequena não adquire a possibilidade de exercitar essa protoconversação, de se colocar, de vivenciar as trocas de olhares, da voz, do aconchego”, adverte a psicóloga.
Em outubro, o Governo Federal abriu uma consulta pública para por enquanto entender a relação de crianças e adolescentes com as telas. Certamente, as contribuições de representantes da sociedade civil, como do Instituto Alana, vão embasar a criação de um guia para orientar famílias, educadores e profissionais da saúde e da assistência social.
O Debate sobre o Acesso às Telas
“A criança precisa aprender antes de tudo regras de segurança e de privacidade, mas muitas são novas para isso. Por que dar um celular quando se pode dar uma bola, uma bicicleta ou um curso de música ou desenho?”, questiona Eisenstein.
O Papel da Educação Midiática
“É o que vai dar habilidade para a leitura crítica e fazer a criança perceber que esse reconhecimento, buscado por meio de uma disputa, pode ser o convívio com as diferenças”, defende Nejm.
Com efeito, diante desse cenário, fica claro que o presente de Natal deve ser considerado com cautela, levando em conta não apenas o desejo da criança, mas também os impactos e as alternativas para um desenvolvimento saudável e equilibrado.
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