Lançamento da Huawei passa mensagem sobre futuro de mercado asiático de celulares. Veja o que pode mudar na indústria.
De acordo com um relatório de desmontagem da empresa de análise TechInsights, a Huawei e a grande fabricante chinesa de chips SMIC desenvolveram processadores de 7 nanômetros de última geração para alimentar os smartphones mais recentes. Ainda segundo o relatório da TechInsights compartilhado com a Reuters na segunda-feira, o Huawei Mate 60 Pro é equipado com o novo chip Kirin 9000s fabricado pela SMIC.
A Huawei começou a vender o Mate 60 Pro há pouco tempo. As especificações oferecidas incluem capacidades de chamadas via satélite, mas a empresa não especificou o poder de processamento dos chips internos. O processador é o primeiro a usar tecnologia SMIC de 7 nanômetros, o que é um sinal de que o governo chinês está fazendo algum progresso em seus esforços para construir um ecossistema de chips doméstico. A duas empresas envolvidas, Huawei e SMIC não responderam imediatamente ao pedido de comentários da Reuters.
Processador feito “em casa”
Os compradores de dispositivos na China postaram vídeos de desmontagem e compartilharam testes de velocidade nas redes sociais, sugerindo que o Mate 60 Pro pode oferecer velocidades de download mais rápidas do que os telefones 5G de última geração.
Mas qual o motivo da velocidade maior? Bem, segundo especialistas, processos de litografia menores aproximam os transistores, permitindo que mais transistores sejam colocados no mesmo espaço, melhorando o desempenho. Além disso, quanto menor a distância entre os transistores, maior será a eficiência energética.
O processo de 7nm em si não é impressionante. Por exemplo, os chips usados nos smartphones da Apple e Samsung já são de 4nm e poderão chegar em 3nm nos próximos anos. Por isso que o chip do Mate 60 Pro está atrasado neste ponto. A chave aqui é que a Huawei está proibida de usar tecnologia de empresas americanas. A mensagem que deve ser vista é que as empresas chinesas produziram chips de 7nm com sua própria tecnologia. Dito isso, os analistas veem os países asiáticos caminhando para a construção de um ecossistema doméstico de semicondutores.
Relação com os EUA
O lançamento do aparelho deixou os usuários das redes sociais chinesas e a mídia estatal em frenesi, com alguns ligando esse fato com uma visita da secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo.
Isso pois as restrições impostas pelo governo dos EUA limitaram o acesso da Huawei à tecnologia utilizada pela maioria dos fabricantes globais. Mas a empresa está progredindo mesmo assim. Para quem não sabe, aa ações dos EUA contra a Huawei já duram mais de cinco anos. Elas surgiram após acusações de que os dispositivos facilitariam a espionagem do governo chinês e acusações de fraude e violações de sanções contra o Irã.
Em 2019, o governo dos EUA colocou a Huawei na sua lista de entidades não confiáveis, proibindo empresas do país ou aquelas que usam direitos de propriedade intelectual dos EUA de fazer negócios com a marca chinesa. Deste modo, nega à Huawei acesso a vários recursos, como o sistema Android, serviços do Google para smartphones, processadores Intel e Qualcomm e chips TSMC. Mas isso não parou a marca, que lançou em agosto seu principal smartphone, o Mate 60 Pro, que usa um chip SMIC fabricado no processo de 7 nm.
O analista da TechInsights, Dan Hutcheson, disse à Reuters que o desenvolvimento da Huawei é um “tapa na cara” para os EUA. “O chip diz: “Veja o que podemos fazer. Não precisamos de você”, afirmou Hutchison.