Pesquisam apontam que o uso não é favorável nas escolas. Veja mais.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) alertou para o impacto negativo do uso do celular no aprendizado e na concentração dos alunos em um relatório publicado na última quarta-feira. Continue lendo e saiba mais.
O Relatório Global de Monitoramento da Educação, feito em 2023, que se chama “A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?” afirma que o uso de tecnologia pelos alunos na sala de aula e em casa pode ser perturbador e dificultar o aprendizado.
Outra descoberta feita pela organização é que um em cada quatro países proibiu ou restringiu o uso de telefones celulares em sala de aula. Estudos usando dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostram uma relação negativa entre o uso da tecnologia e os resultados dos alunos, segundo o relatório. Os professores entendem que o uso de tablets e telefones impacta o gerenciamento de sala de aula. Um em cada três professores concorda que o uso de tecnologia em sala de aula distrai os alunos. Há também alertas de que o uso de dispositivos tecnológicos nas salas de aula pode agravar a desigualdade educacional. Não apenas por considerações financeiras ou acesso à internet e equipamentos, mas também entre alunos de origens socioeconômicas semelhantes.
Celular proibido
O aprendizado online depende da capacidade dos alunos de se autorregular, o que pode elevar os alunos com baixo desempenho a ir mal na escola. Entre os países conhecidos por estarem em considerando ou já em voga, uma lei para proibição de celular na aula estão Espanha, Portugal, Finlândia, Holanda, Suíça e México. Também há proibições nas escolas na França, mas exceções à regra são esperadas para alguns grupos de alunos, como pessoas com deficiência, onde a tecnologia pode ser combinada com o aprendizado.
E o Brasil?
O Brasil não possui leis nacionais que proíbam o uso de telefones celulares e dispositivos digitais nas escolas. Mesmo depois da pandemia de Covid 19, alguns estados e também municípios passaram a incentivar (e até pedir) o uso do digital nas escolas. Em uma escola pública de São Paulo, os professores têm a tarefa de exigir que os alunos façam redações online, pratiquem com aplicativos e usem recursos digitais.
Ainda segundo a UNESCO não há evidências científicas suficientes para comprovar os benefícios do uso de tecnologias na área da educação. E alerta que investimentos constantes somente nessa área poderia ser mais eficiente se usado para aumentar recursos operacionais para potencializar o aprendizado. Ou seja, um foco excessivo na tecnologia costuma custar caro e não obter sucesso.
Para crianças em países de baixa e média renda que não têm acesso a esses recursos, usar tecnologia em vez de professores e livros didáticos pode acabar afastando, ao invés de atingir as metas de educação global.
De acordo com o relatório, os produtos de tecnologia estão evoluindo tão rapidamente (mudando a cada 36 meses, em média). Portanto, é difícil medir seu impacto na aprendizagem. Ele também observou que a maior parte da pesquisa está sendo feita pelas próprias empresas de tecnologia. Isso quer dizer que a maioria das evidências foi gerada por pessoas tentando vender o produto pesquisado.