Saiba como é o processo de mudança de buscador. Confira os empecilhos.
Imagine ter a mesma caixa de cereal no carrinho toda vez que for ao supermercado.
Acontece que esse cereal é tão popular que já vem no carrinho da loja. Se não gostar, é fácil colocar de volta na prateleira e comprar outra caixa.
Essencialmente, esta é a defesa do Google contra o Departamento de Justiça dos EUA num importante caso antitruste (o primeiro caso antitruste federal da era moderna da Internet). O governo acusa o Google de colaborar ilegalmente com fabricantes de dispositivos móveis, fabricantes de computadores e desenvolvedores de navegadores para limitar os concorrentes na busca online.
Serviço padrão
Como parte dessas parcerias, o Google tornou seu mecanismo de busca o serviço padrão na maioria dos produtos eletrônicos de consumo, incluindo smartphones, alega o Departamento de Justiça. Isso impediu que as pessoas experimentassem serviços alternativos como Bing, DuckDuckGo e outros da Microsoft.
Mas o Google insistiu que seria fácil para as pessoas mudarem de mecanismo de busca, tão fácil quanto colocar uma caixa de cereal de volta na prateleira de uma loja. Este processo levanta a questão de como e por que usamos a Pesquisa Google. Muitos de nós crescemos usando a pesquisa do Google porque ela parecia nos dar os melhores resultados com o mínimo de esforço. Mas o Google já está instalado na maioria dos dispositivos, então quem sabe se algo melhor surgirá? Mesmo que soubéssemos, o Google ainda seria definido como o mecanismo de pesquisa padrão.
Continuar usando ou não?
Especialistas decidiram testar como é difícil mudar para outro mecanismo de busca. Em postagem em seu blog oficial neste mês, o Google disse que a mudança foi um processo simples e citou três exemplos.
A empresa disse que no celular iPhone requer apenas 4 toques para a mudança. Já em smartphones Android, você precisa tocar duas vezes. Mas quando o teste foi feito, o processo não foi tão simples. Resumindo: mudar é difícil, e a maioria das pessoas provavelmente desistirá antes mesmo de fazer a modificação.
Para iPhone
De acordo com a empresa Google, os proprietários de iPhone podem mudar para um mecanismo de busca diferente com apenas quatro toques, abrindo o aplicativo “Ajustes”, tocando em Safari, depois tocando em “Mecanismo de Busca” e selecionando um buscador alternativo.
Na realidade é mais complicado. O Safari não aparece imediatamente na tela quando você abre as Configurações. Ele está oculto abaixo de outros 36 itens de menu, então os usuários precisam deslizar para cima pelo menos duas vezes para encontrar as configurações do Safari. Na verdade, são necessários 6 toques. Mas mesmo quatro passos podem ser demais para muitas pessoas, principalmente os que não estão familiarizados com tecnologia.
Isso poderia ter sido fácil há 15 anos, quando a navegação na web era feita principalmente em computadores desktop, mas na era dos smartphones, as pessoas que procuram esse recurso podem estar no ônibus, por exemplo. Existe a possibilidade de que ele seja interrompido durante o processo.
Para Android
Em telefones Android, o Google diz que você precisará pressionar a barra de pesquisa para ver o botão “Excluir”. Os usuários podem tocar nele para remover o widget da barra de pesquisa do Google da tela inicial. Este exemplo é particularmente falho. Primeiro, as instruções do Google para remover o widget da barra de pesquisa funcionam em alguns telefones Samsung, mas não em todos os dispositivos Android. Por exemplo, quando os usuários mantêm pressionada a barra de pesquisa nos smartphones Pixel do Google, eles não veem a opção de exclusão.
Mais importante ainda, a remoção do widget de pesquisa remove o atalho para a barra de pesquisa do Google na tela inicial, mas não altera o buscador do seu navegador. Mudar para um mecanismo de pesquisa diferente requer etapas separadas. Assim como no iPhone, é um processo de quatro etapas que envolve abrir um navegador e alterar as configurações.