Saiba mais sobre o Mate 60. Esse celular da Huawei vai te impressionar!
O anúncio da fabricante chinesa de um novo modelo de telefone móvel, o Huawei Mate 60, levanta questões sobre as aparentes limitações tecnológicas do país. Isso pois havia dúvidas sobre a fabricação de semicondutores de ponta, por conta da ameaça dos Estados Unidos de impedir novos progressos no desenvolvimento de semicondutores na China.
Porém parece que essa tentativa dos norte americanos de barrar o crescimento da China neste ponto foi frustrada. Entenda melhor abaixo.
Modelo de chip avançado
Uma análise da empresa de inteligência canadense TechInsights encontrou evidências de que a nova linha telefônica da Huawei usa chips de 7 nanômetros da fabricante chinesa de chips Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC).
Até então, esta tecnologia era dominada exclusivamente pela Intel, Samsung e TSMC. A maior fabricante de chips da China tem demorado a chegar à vanguarda da produção desta tecnologia, em grande parte devido à pressão dos Estados Unidos.
Nos últimos anos, os EUA aprovaram leis e recorreram a aliados para bloquear o acesso da China aos materiais e maquinaria necessários para fabricar os mais pequenos modelos de chips utilizados em smartphones e tablets. Para produzir chips de 7 nanômetros (ou menores) em escala e de maneira acessível, empresas como Intel, Samsung e TSMC estão usando uma tecnologia chamada litografia ultravioleta extrema (EUV). Isso permite que você use luz ultravioleta para criar pequenos padrões e registrar padrões complexos.
A empresa holandesa ASML, única fabricante de máquinas no mundo equipada com esta tecnologia, está proibida de vender no mercado chinês. A proibição foi feita pelo governo holandês, desde 2019. Segundo André Sacconato, professor e conselheiro da Fecomercio SP, tais medidas de bloqueio às exportações se espalharam por diversos países sob influência dos EUA.
“A Holanda está num vácuo. Neste contexto, é muito melhor associá-la aos Estados Unidos do que à China”. O professor explica que caso o país vendesse na china, haveria boicote a seus negócios pelo EUA. Ou seja, a Holanda não teve escolha.
Boicote a China
Em 2022, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou a Lei de Promoção e Regulamentação da Indústria de Chips, conhecida como Lei de Chips e Ciência. Essa lei reforça ainda mais os controles sobre as exportações de equipamentos semicondutores para a China.
“Como os chips são considerados um produto de segurança nacional, é permitido ter leis separadas para eles”, enfatiza André Sacconato. Outros países como Japão, Coreia do Sul, Reino Unido, Índia e Austrália também adotaram leis e regulamentos influenciados pelos Estados Unidos.
E como a Huawei conseguiu isso?
Especialistas acreditam que a SMIC utilizou máquinas equipadas com tecnologia de litografia DUV, também fabricada pela ASML, para fabricar os chips utilizados no Huawei Mate 60. O maquinário não é muito avançado, então o custo de produção de chips tão pequenos usando essa tecnologia é alto.
Analistas estrangeiros acreditam que a SMIC conseguiu atingir preços competitivos graças aos empréstimos do governo chinês. Os legisladores republicanos enviaram uma carta ao secretário de Comércio em exercício dos EUA. Na carta ele diz que a detecção da tecnologia de 7 nanômetros em telefones celulares sugere uma “violação das regulamentações dos EUA”.
Numa nova ofensiva este ano, os Países Baixos expandiram os controles de exportação sobre produtos vendidos pela ASML, incluindo alguns sistemas de litografia DUV fabricados pela empresa. A marca disse em comunicado que é improvável que receba aprovação para enviar sua tecnologia DUV de ponta para a China a partir de 1º de janeiro de 2024.
Mesmo com o cenário de restrições, a China aumentou as importações de equipamentos necessários à fabricação de chips. As importações desses produtos do Japão e da Holanda em junho e julho deste ano já eram 70% superiores às do mesmo período de 2022.
Apesar do investimento significativo da China, o país ainda está longe de ser capaz de produzir chips semelhantes aos de 5 a 3 nanômetros. Em média, a SMIC está quatro a cinco anos atrás dos seus principais concorrentes neste mercado.